O piloto do avião de médio porte que fazia o percurso Recife-Natal, e caiu logo depois da decolagem no aeroporto de Guararapes, na capital pernambucana, pode ter tentado um pouso na praia de Boa Viagem, segundo especialistas em aviação ouvidos pelo Terra. O avião explodiu em um terreno a cerca de 150m da praia, entre o Recife e o município de Jaboatão dos Guararapes. O Corpo de Bombeiros local confirmou 16 mortes.
O Comando da Aeronáutica informou por meio de nota, que nesta quarta-feira uma aeronave bimotor L410 da Empresa Noar Linhas Aéreas decolou do Aeroporto de Recife. Logo após a decolagem, o piloto declarou estar em situação de emergência e tentaria pousar na praia de Boa Viagem. A Aeronáutica iniciou as investigações para apurar os possíveis fatores que contribuíram para o acidente.
De acordo com Carlos Camacho, diretor de segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas, em condições mínimas, o piloto poderia ter conseguido fazer um pouso de emergência. "Pelas características da imagem, o avião caiu de bico. Aquele tipo de avião precisa de cerca de 840m para pousar, mas numa condição de emergência, ele poderia fazer esse tipo de pouso em um local com dimensões menores. Fica a impressão que houve perda de controle, quando ele já estava a uma baixa altura".
Segundo ele, em uma análise preliminar, os pilotos fizeram o que era possível. "O ideal ali era tentar ir ao mar e ao que parece foi o que eles tentaram. Os pilotos certamente fizeram todas as análises possíveis, mas não conseguiram pousar em segurança.
Ivan Sant'Anna, piloto e autor dos livros Caixa-preta - sobre três acidentes aéreos no Brasil - e Plano de Ataque, sobre o atentado de 11 de setembro nos EUA, afirma que os dois motores do avião devem ter parado, ou a aeronave sofreu um problema estrutural.
"Pela posição da aeronave, é possível que o piloto tenha tentado desviar de construções. As imagens mostram que ele não percorreu o terreno, mas sim, caiu bico, com a explosão da aeronave em seguida. Pelo horário, com a praia praticamente vazia, um pouso na areia mais dura, próximo da água, poderia ser uma solução que passou pela cabeça do piloto", diz.
Sant'Anna lembrou de um acidente que ele próprio sofreu, em 1980, quando pilotava um monomotor no Rio de Janeiro, próximo a Jacarepaguá. Na ocasião, o motor parou de funcionar. "Havia duas possibilidades de pouso, em uma avenida movimentada ou no mar. Acabei escolhendo a avenida. Bati em árvores, em um Opala, mas deu tudo certo. No mar, o maior risco era me afogar", disse.
No acidente desta quarta-feira, moradores da região afirmaram ter ouvido duas explosões, primeiro uma menor e outra de maior intensidade.
Fonte: Terra
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