sexta-feira, 12 de agosto de 2011

5 Saudades do Fokker 100 Parte - 1

A TAM foi a pioneira no Brasil em usar a aeronave Fokker 100, considerada na época uma aeronave super moderna,não demorou muito ela iniciou suas operações em João Pessoa lamentavelmente devido à uma série de acidentes e incidentes acontecidos, esta bela aeronave teve sua imagem abalada e com isso muitas pessoas chegaram a se negar a utilizar o avião.

Fokker 100 da TAM no Aeroporto Castro Pinto


Precisei fazer uma viagem a São Paulo no início dos anos 2000, e ao chegar no Aeroporto Castro Pinto,onde chovia e trovoava muito e relâmpagos caíam as margens da pista, para a minha surpresa deparei-me com aquela bela aeronave no pátio, logo me veio a lembrança de dois incidentes acontecidos, principalmente o de Congonhas onde a aeronave ao decolar, houve uma pane eletrônica, que acionou o reverso sozinha fazendo com que a aeronave estolasse e caísse em cima das casas causando a morte de todos os passageiros e tripulantes,como também um outro incidente onde a porta da aeronave abriu em voo fazendo com que uma passageira fosse "sugada" para fora do avião.



Diante destas minhas lembranças, veio o receio até de embarcar, inclusive por que o tempo não ajudava muito, mas pensei comigo, será que no dia que eu vou viajar num Fokker, ele terá problemas?! criei coragem e embarquei, os funcionários da TAM na época nos deram guarda-chuvas, o que nos ajudou um pouco, no entanto ainda me molhei um pouco.Ao me aproximar da aeronave, para minha surpresa ela não era tão pequena o quanto parecia ser,ela tinha uma escada independente (O Fokker tem sua própria escada de embarque).


Ao entrar na aeronave fiquei surpreso com o estado da mesma, impecavelmente limpa, com suas poltronas em couro, na configuração 3 - 2.Logo ao me sentar na parte traseira da aeronave, na janela, olhei e percebi que estava sentado ao lado dos reatores Pratt e Whitney, onde após a decolagem jamais esqueceria aquele maravilhoso som que para os entusiastas da aviação é similar as mais belas sinfonias.Mas, voltando a nossa decolagem, estava escuro e chovendo quando o comandante acionou os reatores, senti aquele frio na barriga pois tinha chegado a hora e não tinha mais como sair dali.E era só esperar onde esta "aventura" chegaria.Acionado os reatores, antes as belas aeromoças passaram com cestinhas entregando bombons caramelados, pensei comigo "Esses podem ser os últimos bombons da minha vida".

Taxiamos para a RWY 16, foi ai que pela primeira vez senti a potência dos reatores zunindo bem próximo a mim, a aeronave começou a ganhar velocidade e decolamos.Olhei para baixo e não consegui ver nada, devido ao teto estar muito baixo, e achei algo estranho,como se o avião estivesse "pedindo" mais força dos reatores, tive a impressão até que ele subiu um pouco lento e senti que o comandante aumentou a velocidade da aeronave.Ao chegarmos ao nível de cruzeiro,os reatores tiveram a sua potência diminuída e seguimos nossa viagem, e já com o sol brilhando no horizonte.

Aproveitei o espaço de tempo para contemplar a paisagem, foi servido um lanche pelas atenciosas aeromoças, e seguimos na proa de Salvador, para minha surpresa, na escala em Salvador, notei um rapaz entrar com uma guitarra e sentar próximo a minha poltrona do outro lado do corredor, não olhei muito para sua fisionomia, fiquei só questionando se caberia uma guitarra no bagageiro da aeronave.Neste momento foi que eu vi que na realidade tratava-se do vocalista da Banda Paralamas do Sucesso, Herbert Viana.

Decolamos de Salvador, e seguimos no proa do Aeroporto Internacional do Galeão, após chegarmos ao nível de cruzeiro, comecei a sentir uma dor de ouvido insuportável, tendo uma sensação de que os mesmos iriam estourar, perguntei ao colega do lado se ele estava sentindo a mesma dor, ao que ele me respondeu positivamente.Fiquei impressionado com aquela dor de ouvido que apareceu de repente e tentei me informar o motivo dela, a resposta que tive após consultar alguns fóruns de aviação, foi de que tratava-se de uma pequena despressurização da aeronave.

Após uma pequena escala no Galeão, seguimos para o nosso destino final, que era o Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde após alguns minutos que ficamos circulando no entorno do Aeroporto, devido ao grande movimento principalmente de aeronaves internacionais, conseguimos pousar sem problemas.

Após essa minha primeira experiência neste magnífico avião, o qual sou fã até hoje, cheguei a conclusão que cometeram grandes injustiças com essa aeronave.Aeronave de voo extremamente simples e muito moderna na época, onde já se usava equipamentos digitais e confiáveis; o som dos seus reatores eu não esqueceria jamais, o conforto dos seus bancos em couro e o espaço entre as poltronas fazem o diferencial entre seus concorrentes, onde as poltronas parecem mais "latas de sardinha" de tanto aperto que passam os passageiros e suas pernas. É uma pena, que muitos não terão o prazer que eu tive, e podem até me olhar com indiferença, mas não tem problema, só lamento que em muito breve essa aeronave não estará mais voando nos céus do Brasil.


E aguardem, pois vem ai a segunda parte do "Saudades do Fokker 100" e VIA Brasil - 727 Advanced.


Autoria 

George Lourenço - Colaborador do Portal

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  • Saudades do Fokker 100

5 comentários:

BURITY disse...

GEORGE, BOA NOITE... VOCÊ SOUBE EM ALGUMAS PALAVRAS TRADUZIR OQUE EU SINTO QUANDO ENTRO NO AVIÃO, O QUE PENSO E O QUE SINTO... NOSSA MEDO OS SUSTOS OS PENSAMENTOS. MORRO DE MEDO DE VOAR MAIS SEMPRE ESTOU LA EM CIMA. RS PARABÉNS LINDA HISTÓRIA.

BURITY disse...

VOCÊ CONSEGUI EM POUCAS PALAVRA TRADUZIR MEUS PENSAMENTOS, MEDOS, ENQUANTO ESTOU A EMBARCAR... RS ATE AS SENSAÇÕES SÃO PARECIDAS. TA LINDA A POSTAGEM PARABÉNS... REALMENTE MORRO DE MEDO DE VOAR MAIS QUASE SEMPRE ESTOU LA EM CIMA... AS X PENSO SERÁ Q ESSE SERÁ MEU ULTIMO REFRI E BARRA DE CEREAL? RSRSRSRS.

PARABÉNS

joseluizdacosta@bol.com.br disse...

Sou fã do Fokker 100, também, devido as turbinas e no acidente de Congonhas foi erro do piloto, que quiz adivinhar a pane.

Eduardo disse...

olá amigo, o reator que você viu da sua janela foi um The Rolls-Royce Tay e não um PW.

lindo ronco!!!

Abraço.

Eduardo disse...

joseluizdacosta

Você está mal informado sobre o caso. O Cmdte moreno não quis adivinhar a pane, ele simplismente não havia recebido treinamento para tal problema em voo... o rollback da manete direita foi uma surpresa pra ele, que ja sabia que havia uma falha no autothottle... e infelismente segundos apos a decolagem a aeronave não tinha mais controle algum, não estava mais nas mãos do moreno, virou uma lança de aluminio indo para o seu fim. Esse acidente serviu como lição... e certamente, jamais outro acidente por essa causa acontecerá.

Não concordo que a Culpa tenha sido do Cmte.
Abraço.

 
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